APRESENTA:
GUIA DE SOBREVIVÊNCIA INTELECTUAL
Saudações!
Sou Hélio Sampaio e vim aqui contar histórias a respeito de coisas que me ajudaram a sobreviver ao longo desses meus trin... enfim... desses anos que consegui me manter vivo, graças a uma série de válvulas de escape - dentre elas, músicas, livros, filmes, ''boas frutas, pães e vinhos'', ''gente certa, gente aberta''...
Certa vez, entrei na casa de um amigo, ''sai da sala e fui pro porão'' e lá, fuçando em LP's, me deparei com uma coletânea de MPB, ano 1973, cuja capa chamou-me a atenção por trazer caricaturas dos intérpretes (e/ou compositores) das faixas ali presentes. Um deles, então desconhecido para mim (e para muitos até hoje), feio e magrelo, chamou-me a atenção. Sua faixa no disco era ''Cala a boca, Zebedeu'', que conta a história de uma esposa ''jararaca'' que calava o marido, dizendo ''não se meta comigo/porque na minha vida quem manda sou eu!''.
Guardei o nome e a cara daquele artista. Algum tempo depois, num boteco controverso da minha cidade natal, eis que me deparo com uma amiga e (minha) guru musical, e, ao perguntar-lhe qual era a boa, tenho como resposta cantarolada: ''Eu quero é botar meu bloco na rua...'', e daí em diante eu lembrava que já tinha ouvido a voz de ''Cala a boca, Zebedeu'' em algum lugar!!
Tratava-se de Sérgio Sampaio. Na mesma conversa, vim a saber que ambas as faixas eram do mesmo albúm, que também levava o nome ''(...) bloco na rua''. O refrão do ''bloco'' virou bordão nacional e atemporal, mas essa faixa não é a melhor do disco. Nele, ''um Sampaio teimoso'' toca ''samba e rock, balada e baioque'', misturando influências de Kafka, Augusto dos Anjos e Orlando Silva, numa pegada ácida e lisérgica, melancólica e surrealista. Como um Salvador Dali da MPB!
É um disco fantástico; um tesouro obscuro de um compositor maiúsculo. Aliás, o ''Sampaio'' da minha assinatura vem do ídolo Sérgio. E depois dele, botei meu bloco numa rua que me levou a outros nomes do underground tupiniquim: Oiticica, Macalé, Melodia, Sganzerla, Mojica, Torquato... mas isso é papo para uma outra Sexta qualquer!
Amplos amplexos!
Eu quero é botar meu bloco na rua
Philips - 1973
Hélio Sampaio é entusiasta da cultura brasileira...um retirante do universo contracultural, devido às circunstâncias da vida (e da sobrevivência).
Nenhum comentário:
Postar um comentário